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LONJA

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COLETIVO LONJA Em funcionamento no espaço do Teatro das Marias desde 2010, o Lonja é um coletivo voltado para o ensino e pesquisa prática nas artes circenses. Coordenado por Tatiana Valente e Henrique Castro é um coletivo que investe nas potencialidades criativas das pessoas envolvidas, entre alunos e parceiros diretos e indiretamente. Buscamos através das aulas e experimentações coreográficas circenses imbrincando com outras linguagens - teatro e dança, uma auto-gestão do Projeto Lonja - criações e invenções do Coletivo, que acontece mensalmente e que tem a verba do 'chapéu' investido para materiais de trabalho: aparelhos circenses, aparelhos de segurança. São oferecidas aulas: de tecido, de trapézio, de dança contemporânea e acrobacia solo. Há ainda o curso de Brincadeiras de Circo voltado para crianças de 7 a 12 anos que alia atividades artísticas e físicas por meio de brincadeiras lúdicas. As aulas do Coletivo Lonja destinam-se tanto às pessoas que querem se profissionalizar quanto aquelas que desejam praticar o circo como uma atividade de lazer.

domingo, 11 de dezembro de 2011

UM POUCO DE CIRCO NO CEARÁ

Sobre circo no Ceará...


O cearense Carlos Mariano tinha 14 anos quando se descobriu palhaço em Iguatu. Antes disso, era empacotador de mercantil e participava de grupo de teatro até o momento em que viu o Circo São Jorge pela primeira vez. “Não tinha mais pai nem mãe. Morava com meu irmão. Fiquei encantado com o mundo do circo. Quando finalmente me entendi por gente, decidi ser palhaço”. Pouco tempo depois, ele migrou para Fortaleza, onde ouvia falar sobre encontros com artistas circenses na Praça José de Alencar. “De mochila nas costas, peguei uma carona e cheguei na capital”.

No final dos anos 80, a inserção de Carlos no circo como palhaço Motoka envolveu uma série de complicações. Com pouco dinheiro no bolso, trabalhou durante seis meses no Di Orange, um circo de variedades que funcionava no bairro Santo Amaro. O casamento o afastou do mundo circense. “Passei a trabalhar como servente de pedreiro, vendedor de pastel, fazendo bicos para sustentar minhas filhas. Só que dentro de mim batia aquela vontade de voltar a ser palhaço”, confessa.

Foi a época em que Carlos conheceu o Mágico Sabu, morador da Vila Velha, que o convidou para apresentar o palhaço Motoka em festas de aniversário e de escolas. No início dos anos 90, a experiência circense de Carlos o ajudou a construir o projeto do Circo Escola, no Bom Jardim. Em 1992, ele formou uma dupla com Tiririca, que tinha acabado de chegar do Piauí. Era o início do sucesso do palhaço Motoka, que ganhou o prêmio Carequinha em 1993 nas mãos do próprio.

A oportunidade instigou Carlos a criar seu próprio circo, em 2002, com uma tenda armada na Maraponga. Hoje, o Circo do Motoka envolve cerca de 20 pessoas, entre palhaços, trapezistas, malabaristas, dançarinos, incluindo quatro integrantes da família de Carlos: sua cunhada, esposa, filha e cunhado. No picadeiro, hoje com 40 anos, Carlos agora se apresenta de cara limpa, como mestre de cerimônia do circo. O sustento vem da bilheteria, com ingressos que variam entre R$ 1,00 e R$ 3,00, e das banquinhas de venda de sorvete, pastel e algodão doce. “Toda noite nosso circo se apresenta e tem público. Se duvidar, conseguimos mais público que qualquer outra peça de teatro normal na cidade”.

O Circo do Motoka costuma circular pelos bairros da periferia de Fortaleza. Se a frequência do público for boa, o circo pode ficar por mais tempo em um só lugar. Já é a quarta vez que ele faz temporada no bairro da Itaoca, onde mantém sua tenda armada há um mês. Na última noite de terça-feira, O POVO assistiu a uma apresentação. Dos 300 lugares disponíveis, apenas 40 estavam ocupados – a maioria por pais e filhos pequenos. Nem sempre é assim. “No fim de semana, o circo fica lotado”, pontua Carlos.

Dificuldades

No início do espetáculo, o palhaço Cremosinho invade o picadeiro, ao som de uma música de forró que repete “desce, desce piriguete!” Lá pelas tantas, chega o palhaço Tampinha, que é morto por Cremosinho, mas ressuscitado com a canção Mosca na Sopa, de Raul Seixas. Cremosinho é Márcio Brito, 24, artista circense há 10 anos, que já passou por circos maiores, como o Beto Carreiro, o Miami 2000 e o Europeu. “Sou palhaço não por querer ser, mas porque descobri que tinha esse dom”, afirma Brito. Na correria para se maquiar, ele demonstrava cansaço e certa tristeza. “Fazer os outros sorrir é fácil. Sorrir é que é difícil”.

No dia-a-dia do Circo do Motoka, os artistas normalmente lidam com dificuldades. “Quando chegamos no bairro, somos vistos como intrusos. Até construir relação com a comunidade, é muito chão. Precisamos criar esta intimidade em pouco tempo e há circos que criam antipatia com o bairro”, comenta Carlos. O maior problema para o circense é a burocracia. “É uma dificuldade montar uma lona no terreno. Sem falar que precisa de alvará de funcionamento, do laudo dos bombeiros. Passamos por muitas fiscalizações”. A falta de segurança também incomoda. “Na periferia, é mais fácil ficar a mercê do vandalismo. Também está sendo cada vez mais difícil encontrar terrenos. A cidade está sendo cada vez mais ocupada por prédios, pela especulação imobiliária”. (Camila Vieira)
Fonte:http://www.opovo.com.br/app/opovo/vidaearte/2011/11/12/noticiavidaeartejornal,2333184/picadeiro-a-margem.shtml

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