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LONJA
segunda-feira, 19 de março de 2012
AS AULAS CONTINUAM...
" Quando coloco potência de vida, claro que é para marcar uma posição das inúmeras opiniões sobre a decadência ou morte do circo no Brasil. Não há como negar a diminuição significativa da quantidade de circos itinerantes de lona, por diversas razões, entre as quais a falta de terrenos nas cidades, a falta de investimento público por parte dos gestores municipais e estaduais em receber os circos, mas, há que considerar, também, que os próprios circenses das lonas, desde pelo menos a década de 1950, deixaram de realizar investimentos na produção do circo - este como espetáculo.
Quando escrevo sobre investimento não me refiro apenas ao econômico, que é importante, mas só ele não garante e nunca garantiu a qualidade de nenhum artista. Refiro-me ao investimento no próprio processo de formação/aprendizagem do artista circense. A partir das décadas de 1950/60 as famílias não mais transmitiram seus saberes para as gerações seguintes. Estas deixaram de aprender nas escolas de circo que eram as próprias lonas, para serem matriculadas em "escolas formais" nas cidades em que se fixaram.
Diversas foram as causas, entretanto não cabe nesse texto um aprofundamento dessa questão. O importante é entender que a não transmissão dos saberes e práticas foi uma das razões que provocou novas formas de organização do trabalho. Entretanto, não se pode ver processos de mudanças e transformações como decadência ou morte do circo.
No final da década de 1970 e início de 1980, surgem as escolas de circo fora da lona, os projetos sociais que usam a linguagem circense como ferramenta pedagógica, os artistas autônomos e autodidatas, os festivais, os encontros de circos, a presença da linguagem circense para dentro dos muros acadêmicos. Então, ao mesmo tempo que uma forma de produção, o circo itinerante de lona diminuiu, nunca as atividades circenses foram tão disseminadas em toda a capilaridade da sociedade brasileira."
Hermínia Silva
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